Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PSD e ex-ministra da Ciência, garantiu a aprovação de dois relatórios no Parlamento Europeu que alertam para o problema de mentalidades e de discriminação que ocorre no sector das tecnologias.

Não obstante as mensagens que apelam à igualdade, apenas 17% dos alunos inscritos de cursos de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são mulheres (em Portugal, são 12%).Maria da Graça Carvalho defende um conjunto alargado de medidas destinadas a aumentar a participação das mulheres na inteligência artificial e de um modo geral nas tecnologias, quer como consumidoras quer como criadoras, recordando que, “globalmente, apenas 22% dos profissionais da IA são do sexo feminino”.Entre essas medidas, está precisamente uma atuação decidida “em todos níveis do sistema de educação, nos meios culturais e no audiovisual”.São igualmente abordadas as diferentes implicações desta tecnologia, com a eurodeputada a considerar que “a Comissão Europeia e os Estados-membros devem ter em consideração aspetos éticos, incluindo de uma perspetiva de género, quando definem políticas relativas à Inteligência Artificial”.Em entrevista ao “Expresso”, esta sexta-feira, a eurodeputada alerta para a necessidade de eliminar os estereótipos que levam as meninas com menos de 10 anos, assim como as mulheres candidatas a cursos superiores estarem a evitar as tecnologias (no uso diário e na formação, respetivamente).“Por estranho que pareça, nos anos 1980, havia mais mulheres nas TIC, como era o caso das engenharias de computadores nos EUA, do que há hoje. Portanto, há uma diminuição. Isto é muito preocupante, porque praticamente todos os trabalhos e funções vão precisar de capacitação nesta área, no futuro. Os trabalhos que são mais bem remunerados são exatamente os dos especialistas das áreas das TIC. Se já temos um fosso nos salários de homens e mulheres este facto (a reduzida participação das mulheres nas profissões tecnológicas) vai aumentar ainda mais esse fosso salarial. E vai agravar o fosso das reformas. E esse é um problema enorme de que falamos muito pouco. A grande pobreza em Portugal, e também em muitos países da Europa, vem das mulheres sozinhas e idosas, com reformas muito baixas. O facto de as mulheres não escolherem as tecnologias da informação, em vez de melhorar a situação, vai agravar o fosso tanto de salários como de reformas”, afirma.

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